29 fevereiro 2016

O Carro de Luxo como Sacrifício

Historicamente o ser humano sempre realizou sacrifícios, ou seja, o ato de fazer uma oferta ritual a uma divindade ou ideal. Apesar de hoje em dia isso parecer menos comum, podemos observar esse comportamento em algumas atitudes inusitadas, como na compra de carros novos e luxuosos.


Ao contrário do que muitos pensam o carro não é um patrimônio ativo (ou seja, um bem que vai ter deixar mais rico com o tempo). Na verdade ele é um passivo, pois necessita de gastos constantes para continuar funcionando corretamente. Esses gastos vão muito além do combustível, incluindo IPVA, seguro, manutenção e a sempre negligenciada depreciação.

A depreciação aparece quando você precisar desembolsar para trocar o seu carro velho por um mais novo. A cada ano o seu carro usado vale menos, então na prática você está gastando dinheiro enquanto seu carro envelhece.

Se somarmos todos os gastos para um carro normal de R$ 30.000,00 , inclusive depreciação e custo de oportunidade (ou seja, a diferença que você ganharia caso o valor do seu carro estivesse aplicado rendendo) chegamos a um gasto mensal de cerca de R$ 1.000,00. Ou seja, para manter um carro popular novo o custo total é de mais de um salário mínimo por mês.

Quando fazemos a análise para um carro de luxo de R$ 205.000,00, com maiores valores de impostos, seguro e manutenção o gasto mensal passa facilmente dos R$ 4.000,00, maior do que o custo de vida de grande parte das famílias brasileiras.

Qual o sentido de gastar tanto a mais sendo que todos os carros servem para a mesma utilidade básica, ou seja, transportar pessoas de um local ao outro? A resposta pode estar nessa ideia do sacrifício: o carro que gasta mais age como um símbolo de poder, dizendo algo como "sou tão poderoso que posso me dar ao luxo de sacrificar um monte do meu dinheiro para demonstrar isso".